“Eu não sou coveiro”

Por Jackson Matheus de Lima Cruz


Muito barulho se criou em volta da declaração do atual presidente Jair Bolsonaro, mas antes de sairmos condenando sua fala devemos considerar dois pontos que estão ao redor da afirmação. O primeiro diz respeito a frase em si. Não podemos aqui defender que a frase é adequada a situação em que vivemos, além de parecer insensível aos problemas que enfrentamos no momento. Porém, bem sabemos que pessoas que se expressam de maneira espontânea e pouco polida frequentemente fazem afirmações que não evidenciam seu pensamento de forma completa e acabam tendo significados diversos ao seu sentido original. Um possível significado para a declaração é que o presidente está preocupado muito mais com as pessoas que estão vivas, pelas quais ele ainda pode atuar melhorando suas condições de vida, e não com aqueles que morreram, que o máximo que ele poderia fazer seria dar um enterro digno como um coveiro. O segundo ponto reforça o significado que demos à frase agora a pouco. Durante a entrevista (de onde a frase foi recortada) o presidente demonstra grande preocupação com a quarentena e o quanto ela pode afetar a educação dos jovens brasileiros. Desde o início de seu mandato, podemos perceber o empenho do mesmo na educação: nos anos de 2018 e 2019, segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios), a taxa de analfabetismo no Brasil caiu de 6,8 para 6,6, demonstrando assim efetividade nas ações do governo em diminuir essa taxa que é tão presente no país, a ponto de o deixar fora dos 100 países mais alfabetizados do mundo, algo extremamente preocupante no cenário mundial. E claramente ele não está fazendo isso de forma inconsequente, simplesmente ordenando o retorno às aulas presenciais, e sim estudando com os ministros uma forma “natural e gradual”, como o próprio afirma, de retorno aos estudos.

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